sábado, 11 de abril de 2015

BLUE FALA


Eu gosto da poesia porque não preciso fazer sentido com ela. Eu gosto de colar palavras, escolhe-las, amá-las e colá-las umas as outras num eterno abraço de frases. Depois eu observo o sentido oculto se revelar. Mas ele só se revela a quem souber perguntar.

Eu vivo na bruma densa dos meus próprios pensamentos. Eles flutuam como se fossem consciências apartadas do meu coração. Como bolhas de sabão que eu posso estourar. Às vezes eu deixo eles se incorporar, e esqueço de quem sou. Então séculos se passam até que eu possa recobrar a memória. 

Meus amigos mais próximos são incorpóreos. Eles se solidificam afastados no espaço, mas não no tempo. O universo nos separa, porque como seria se todos nós pudéssemos nos colocar fisicamente em círculo? Haveria um desalinhamento, planetas sairiam de suas órbitas ou talvez fossemos apenas engolidos pelos nossos próprios buracos negros. Por isso viajamos sem corpo, nos espaços virtuais e construímos castelos de areia, mas não moramos neles, porque castelos devem ser abandonados às ondas.

Quando meu corpo tem sono, ele tenta me enganar. Mas eu pulo de um sonho a outro tentando escapar da esmagadora gravidade que nos prende àquilo que nos devora. 

by Blue fOx




3 comentários:

  1. "roubou o fogo de prometeu e transformou em pelo"... quem? A quarta raposa. Aquela diante das três

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  2. isso de ser a quarta diante das três...
    http://exerciciodeescritarapida.blogspot.com.br/2015/02/11.html

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  3. Estava me perguntando isso: como você sabe quem é a quarta diante das três se elas ficam em círculo? Vou ler o post.

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