domingo, 28 de junho de 2015

AGORA VOCÊ ESTÁ AQUI




11:30, um horário aleatório. Eu sabia que estava enlouquecendo porque o mundo estava ficando estranho. O mundo desce, e você desce ladeira abaixo com ele. Eu estava caindo. Ainda assim tudo estava congelado, eu havia congelado a queda no momento crucial, antes de bater nas pedras no fundo do abismo, e agora vivia o dilema: voltar a girar a roda do tempo e me desfazer de encontro ao chão, ou segurar aquele momento por uma infinitude de não-momentos até que, talvez, algo mudasse e eu conseguisse alterar o curso das coisas.

11:35, tentei contactar você. Óbvio que você não respondeu, mas creio que você sabia que eu estava a sua procura. Sei que você não conseguiria me oferecer uma solução, mas eu queria companhia na minha agonia. Eu olhei em volta, e era sempre um deserto de expandindo em todas as direções,  uma pedra aguda apontava na minha. Ah, o inevitável! Ainda assim eu queria alguém para segurar minha mão, cair comigo, assim como eu gostaria que um dia, eu fosse capaz de acordar, e que eu não estivesse só.

11:11, eu voltei um pouco no tempo, mas a situação era a mesma, se expandindo para frente e para trás em todos os minutos já vivido e entre eles. Eu já sabia que estávamos invariavelmente sós. Você no seu próprio momento de agonia, eu no meu. Uns caindo infinitamente, com o chão sempre a um segundo do esfacelamento do crânio, outros secando no deserto, a um passo da última respiração. E os que se afogam sempre no limiar daquela última inspiração líquida que irá apagar todos os seus pensamentos.

Agora você está aqui...






























Me mande uma mensagem.

By Blue Fox

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